Abel Ferreira mencionou a ginasta norte-americana Simone Biles em mais de uma ocasião ao analisar minuciosamente a fase complicada do Palmeiras, que terminou em um empate de 1 a 1 contra o Internacional, no último domingo, no Beira-Rio, durante o Campeonato Brasileiro.
Um dos aspectos destacados pelo treinador foi a pressão, afinal, a atleta, que conquistou sete medalhas de ouro em Jogos Olímpicos, chegou a desistir de competir nas Olimpíadas de Tóquio-2020 devido a questões de saúde mental.
“Os jogadores não são máquinas, têm momentos top e de baixa. A Simone Biles foi campeã do mundo e teve de parar por problemas psicológicos. Voltou em grande forma, dando mínima hipótese para a Rebeca (Andrade), que fez Jogos Olímpicos extraordinários e parabéns mais uma vez para ela. Mas o futebol é isso, há momentos em que a equipe ajuda o jogador a puxar a sua forma”, disse.
Simone Biles é uma das grandes estrelas dos Jogos Olímpicos de Paris, tendo como principal rival a brasileira Rebeca Andrade. Aos 27 anos, a ginasta, que já possui dez medalhas olímpicas no total, decidiu não participar da final por equipes na edição de Tóquio, novamente em prol de sua saúde mental.
“Parabéns a Rebeca que disputou com uma menina absolutamente extraordinária, que teve problemas emocionais com as críticas. Alguns acham que o jogador e o treinador não querem ter resultado ou não se esforçam e não dão o melhor. Isto é um exemplo como um atleta de excelência, as questões emocionais podem acontecer a qualquer um de nós. E nos momentos de dificuldade, vemos os rostos de quem está conosco e quem só está às vezes”, ponderou.
“E o que esta menina (Simone Biles)… parou por um ano, um ano e meio. Porque não aguentava a pressão psicológica. E aqui no Brasil isto é um absurdo. Aqui criam-se notícias, dizem que as lideranças isto e aquilo. Só para gerar notícia. Isto é falso, ruim, um jornalismo raso, baixo. Parece que cheguei aqui há quatro dias. Estou no futebol brasileiro há quatro anos, não há quatro dias. Não preciso que falem bem de mim, só quero que me respeitem”, prosseguiu.
A pressão foi um dos elementos mencionados por Abel Ferreira para explicar o desempenho do Palmeiras nos últimos quatro jogos, nos quais não obteve vitórias.
O treinador reconheceu a fase complicada e mencionou que tanto os atletas quanto a torcida e a comissão técnica não estão habituados a enfrentar sequências de resultados adversos dessa forma.
“O Núcleo de Saúde e Performance tem tido mais trabalho este mês do que nos quatro anos que tivemos aqui. Felizmente temos gente competente que sabe o que se passa”, citou.
Além das questões psicológicas, ele destacou que alguns jogadores receberam propostas para deixar o clube recentemente e isso os deixou indecisos. Os recém-chegados Giay, Maurício e Felipe Anderson ainda estão se adaptando, mas ele acredita que as lesões têm sido um grande obstáculo para a equipe.
Atualmente, o Palmeiras não pode contar com Piquerez, que se submeteu a uma cirurgia no joelho e corre o risco de ficar fora de toda a temporada, assim como Estêvão, que era um dos principais jogadores da equipe e sofreu um entorse no tornozelo esquerdo.
“É no momento das frustrações que a gente vê quem nos apoia incondicionalmente ou só de vez em quando. Mas como sempre fazemos, todos somos um, pelo menos dentro do CT, em todos os momentos. Já disse mais de uma vez, houve saídas, houve entradas, há um período de adaptação. Há jogadores que infelizmente que baixaram de rendimento, alguns por questões emocionais”, reforçou.
“Também já disse que este mês fomos fustigados por interesses de clubes estrangeiros, que mexem com eles. São propostas absurdas, mexem com todos. Mas mais do que isso, é a quantidade de lesões que tivemos no período e não tivemos em momentos anteriores”, concluiu.
Abel também mencionou outros atletas, como Mayke, Lázaro, Zé Rafael e Dudu, que enfrentaram problemas físicos recentemente.
Antes do confronto de domingo, a Academia de Futebol foi invadida por um grupo de 20 torcedores da Mancha Alviverde, que desejavam dialogar com Abel Ferreira e os jogadores, mas essa conversa não aconteceu.
Quando questionado sobre o incidente, Abel afirmou que já identificou os torcedores que protestaram e compreende a frustração deles, uma vez que ele também se sente assim.
“À nossa torcida, aos 16 milhões de torcedores que temos, que na quarta nos ajudem do primeiro ao último segundo, a estar na próxima fase. É o que o Palmeiras vai fazer”.
“Aqui dentro cada um sabe o que tem que fazer. Somos verdadeiros, nossos torcedores sabem que só temos uma solução. Continuar a trabalhar, contra tudo e contra todos, lutando por títulos, como fazemos”, encerrou.
O treinador fez um pedido para que a torcida ofereça seu apoio ao Palmeiras na quarta-feira, quando o time enfrenta o Flamengo, às 20h (horário de Brasília), no Allianz Parque. A equipe precisa superar a derrota de 2 a 0 sofrida no jogo de ida para conseguir avançar às quartas de final da Copa do Brasil.
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