Vinícius Júnior desabafou durante uma coletiva em Madri nesta segunda-feira (25), véspera do amistoso entre a Seleção Brasileira e a Espanha (26), que visa combater o racismo. O atacante se emocionou ao responder perguntas sobre os ataques racistas que enfrenta constantemente no país europeu, onde defende o Real Madrid, e confessou que sua motivação para o futebol está diminuindo.
“Estou cada vez mais triste. O que passo a cada jogo, a cada dia, não é fácil. E não sou só eu que passa por isso, são todos os negros na Espanha, e não só na Espanha, no mundo todo. O racismo verbal que eu sofro é o de menos perto do que todo negro sofre no mundo. De não conseguir entrar em um lugar, de ser perseguido porque acham que você vai roubar [racismo estrutural]. Meu pai sofreu isso, entre um branco e um negro para um emprego, o escolhido era o branco. Estou aqui lutando, tentando, não por mim. Se fosse só por mim eu já teria desistido, ficaria em casa que não tem agressão, ninguém me xinga”, disse Vinícius Júnior.
Recentemente, têm sido frequentes os episódios de racismo direcionados a Vinícius Júnior, com ofensas como o insulto de macaco. Mesmo nos jogos em que o Real Madrid não está em campo, o jogador tem sido alvo de injúrias raciais, como ocorreu recentemente nas proximidades do estádio durante uma partida do Atlético de Madrid, pela Liga dos Campeões.
Na mídia espanhola, vários jornalistas levantam dúvidas sobre o comportamento de Vini Jr., que consideram provocativo, como justificativa para as ações criminosas dos torcedores nos estádios espanhóis.
“Eu estudo sempre sobre o assunto, sou jovem, tenho só 23 anos, tenho muito a evoluir. E esses jornalistas, que são mais velhos do que eu, deveriam estudar também. A impunidade é um problema. Nenhum clube é punido, ninguém é punido, nada acontece. Na Espanha o racismo não é crime. Cada vez estou mais triste, cada vez estou com menos vontade de jogar”, disse Vinícius Júnior, momento em que a coletiva precisou parar porque ele chorou bastante.
Ele mencionou não enxergar a Espanha como um país racista, porém admitiu a presença de racistas no país. Argumentou que a imposição de punições provavelmente não acabará com o comportamento racista dessas pessoas, mas as fará temer expressar abertamente tal racismo em eventos esportivos ou de outra natureza.
“Se a gente começar a punir essas pessoas, não que eles vão mudar o pensamento, mas vão ficar com medo de falar, seja no estádio, onde tem câmeras. E assim vamos diminuir isso, colocar medo naquelas pessoas. E que eles possam também educar seus filhos. Muitas vezes aqui tem criança me xingando e eu não culpo a criança, porque eles não entendem, eu na idade deles não entendia o racismo. É complicado”, disse Vini Jr.
Brasil e Espanha enfrentam-se em um amistoso nesta terça-feira (26), no estádio Santiago Bernabéu, lar do Real Madrid, com início às 17h30.
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