Líder isolado da Premier League, o Manchester City enfrenta agora um desafio fora dos campos a partir desta segunda-feira.
Inicia-se nesta semana o julgamento sobre as alegadas 115 infrações de fair play financeiro atribuídas ao clube nos últimos anos, que podem levar a sanções severas para a equipe celeste.
Fontes indicam que a audiência, conduzida por um painel independente, deverá se estender por cerca de dois meses.
O intuito é alcançar uma decisão final – incluindo qualquer possível apelação dos Citizens – até o término da temporada 2024/25.
Em fevereiro do ano passado, a entidade responsável pelo Campeonato Inglês revelou ter registrado “uma série de supostas infrações” financeiras do time azul de Manchester entre as temporadas 2009/10 e 2017/18. Neste momento, o painel independente avaliará o caso e determinará eventuais penalidades.
Na última temporada, o Manchester City conquistou seu oitavo título da Premier League desde que o City Football Group, dos Emirados Árabes Unidos, adquiriu o clube em 2008.
Além disso, a equipe também arrecadou vários outros importantes troféus, como a Champions League e o Mundial de Clubes, além de diversas edições da Copa da Inglaterra e da Copa da Liga Inglesa, todos impulsionados pelo investimento de Abu Dhabi.
Conforme um comunicado da Premier League, as infrações do City ocorreram em relação à “exigência de um clube membro fornecer, de boa-fé, informações financeiras precisas que demonstrem de forma verdadeira e justa a condição financeira do clube, especialmente em relação à sua receita (incluindo a receita de patrocínio), suas partes relacionadas e seus custos operacionais”.
O relatório ainda destaca problemas em relação às normas que exigem que o “clube forneça detalhes completos sobre a compensação e os contratos pertinentes com seus jogadores e treinador”.
De acordo com as diretrizes das competições na atual temporada da Premier League, a investigação sobre as alegações de irregularidades será realizada por uma comissão independente.
Os procedimentos perante essa Comissão serão mantidos em sigilo e conduzidos de forma privada. Ao final do processo, a decisão da Comissão será divulgada no site oficial da Premier League.
Caso seja confirmado que uma denúncia é válida, conforme estipulado no regulamento vigente para a temporada 2024/25, a comissão independente possui um amplo leque de sanções possíveis.
As penalidades iniciais incluem desde uma simples advertência até punições mais severas, que podem variar de multas sem limite financeiro até suspensões na liga ou em outras competições pelo tempo que a comissão considerar necessário.
Além disso, o regulamento prevê a possibilidade de perda de pontos na Premier League ou em outros torneios, além de recomendar ao Conselho que certas partidas sejam repetidas.
Embora o regimento da Premier League não mencione explicitamente a retirada de títulos, as regras desta temporada estabelecem que a comissão independente pode sugerir outras punições que considere apropriadas, mesmo que não estejam claramente especificadas no regulamento.
Em situações extremas, a comissão pode sugerir que a Premier League exclua o clube de sua associação. Para que isso ocorra, a decisão deve ser aprovada por uma maioria mínima de três quartos dos clubes em Assembleia Geral.
Além disso, a comissão tem a autoridade para “anular ou rejeitar o registro de jogadores que estejam em situação irregular”.
No ano passado, o Manchester City emitiu um comunicado sobre essa questão:
“O Manchester City está surpreso com a alegação dessas supostas violações das regras da Premier League, principalmente devido ao extenso envolvimento e à vasta quantidade de materiais detalhados que recebeu”
“O clube saúda a revisão deste assunto por uma Comissão independente, para considerar imparcialmente o corpo abrangente de evidências irrefutáveis que existem em apoio a sua posição”.
“Como tal, esperamos que este assunto seja encerrado de uma vez por todas”.
Esta não é a primeira vez que o Manchester City se vê envolvido em problemas relacionados ao fair play financeiro. Anteriormente, o clube enfrentou um conflito com a Uefa e teve que recorrer à decisão da CAS (Corte Arbitral do Esporte) em 2020 para poder participar da Champions League. A entidade havia imposto um banimento ao clube do torneio por duas temporadas devido a infrações.
O City foi punido pela Uefa no dia 14 de fevereiro daquele ano, sendo considerado culpado por descumprir e fraudar as normas de fair play financeiro da organização. No entanto, o clube argumentou que não recebeu um julgamento justo e decidiu apelar para a instância máxima do esporte.
As irregularidades que fundamentaram a sanção da Uefa foram divulgadas pela revista alemã Der Spiegel, em colaboração com o Football Leaks, em novembro de 2018.
No dia 02 de novembro de 2019, a publicação alemã trouxe à tona, por meio de documentos vazados pelo Football Leaks, que a Uefa havia encoberto por muitos anos práticas de doping financeiro ilegais do Manchester City, violando suas próprias normas de fair play financeiro.
Na sua decisão, a Corte Arbitral do Esporte concluiu que o City não havia transgredido as regras financeiras da entidade europeia, mas falhou em cooperar com as investigações. A punição de exclusão do principal torneio de clubes da Europa foi considerada desproporcional à infração cometida, conforme determinado pela corte.
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