A derrota do Brasil para o Paraguai no pré-olímpico foi um daqueles acontecimentos tristes em que foi quase impossível encontrar qualquer aspecto positivo. Delicada na defesa e vazia no ataque, a Seleção conviveu dependeu de Endrick, que até criou boas chances, mas não conseguiu tomar decisões.
O gol desperdiçado por meio de pênalti quando o placar ainda era 0 a 0 coloca em destaque o jovem que criou praticamente todas as jogadas perigosas do Brasil no primeiro tempo. A sensação que permanece, e não é nova, é que o jogador do Palmeiras precisa enfrentar uma defesa com mais jogadores para conseguir levar a Seleção ao gol, contando com a ajuda de John Kennedy.
Os paraguaios superaram o Brasil em todas as dimensões fundamentais de um jogo: técnica, física, tática e até mesmo comportamento. Desde o início, o Paraguai se impôs no campo ofensivo, venceu as disputas de bola, tornou difícil a saída de bola do time de Ramon e atropelou nas disputas de alto nível.
A opção pelo jogo aéreo era evidente, e foi utilizada até o fim, uma vez que o Paraguai percebeu que conseguia bater facilmente os defensores brasileiros. Não por acaso, Peralta marcou o gol da vitória, aproveitando o descanso de Khellven e Mycael nos acréscimos do primeiro tempo. Uma vantagem justa que acabou determinando o resultado final.
Os paraguaios avançaram e impediram os avanços dos laterais brasileiros, especialmente pelo lado de Khellven. O Brasil não conseguia sair jogando, trocar passes e não tinha aproximação, dificultando a defesa adversária.
Apesar disso, teve chances de abrir o placar, é verdade. Todas as jogadas de Endrick combinam técnica e força. Na primeira, driblou o goleiro, mas ficou sem ângulo para defender. Depois, cobrou um pênalti mal-entendido por ele. Logo em seguida, venceu a disputa de bola com o zagueiro e chutou com perigo. Ainda recebeu de Pirani para deixar JK praticamente sem o gol e finalizar para fora.
É muito pouco para um país que teve a melhor campanha da primeira fase, mas que também não balançou as redes sem a presença decisiva de Endrick e John Kennedy. As 19 finalizações paraguaias contra apenas cinco da Seleção ajudam a explicar um pouco o que foi o jogo na tarde de segunda-feira em Caracas. Nem mesmo quando o Paraguai recuou e apelou à cera, a Seleção conseguiu impor sua pressão – mesmo quando Endrick não estava em campo na etapa final.
As ausências de três titulares por lesão diminuíram as opções de Ramon Menezes, é importante salientar. Michel, Kaiki Bruno e Marlon Gomes eram importantes, sobretudo na parte defensiva, mas faltava preparo para um time que já tem o sonho do tricampeonato ameaçado.
Com Venezuela e Argentina pela frente, o Brasil precisa vencer os dois jogos para chegar aos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Até quinta-feira, quando se enfrenta os donos da casa, é preciso aprimorar significativamente.
Veja as datas dos próximos jogos:
Rodada 2
- 8/2 – quinta-feira – Argentina x Paraguai
- 8/2 – quinta-feira – Venezuela x Brasil
Rodada 3
- 11/2 – domingo – Brasil x Argentina
- 11/2 – domingo – Paraguai x Venezuela
Ramon pediu aos jogadores para não desistirem da vaga
“Eu disse aos jogadores, não importa como começa, importa como termina. Só dependemos da gente, temos dois jogos. Respeitamos todos os adversários, mas temos totais condições de fazer dois bons jogos, vencer e se classificar”, disse após a partida.
E completou:
“Não tivemos atenção na segunda bola, a jogada só termina quando a bola vai para fora ou quando está na mão do goleiro. Sabíamos o que o Paraguai iria fazer, é um time forte fisicamente, mas com jogadores de qualidade. E, com a vantagem, fizeram muitas faltas. No lance do gol deles houve inteligência em pressionar”.