Nesta terça-feira (12), o Sport criticou severamente a Segunda Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Após o ataque ao ônibus do Fortaleza, o clube foi sancionado com oito partidas sem torcida em jogos como mandante em competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e precisou pagar uma multa de R$ 80 mil.
Em comunicado divulgado em seu site oficial, a vice-presidência jurídica do Rubro-Negro afirmou que irá recorrer daquilo que considerou uma “decisão descabida e injusta”.
“Não se pode novamente tratar de um tema tão complexo, que hoje é uma chaga nacional, de maneira tão rasa. Não é possível ir pelo caminho de decisões comprovadamente ineficazes só para criar uma falsa sensação de justiça que nada reflete na realidade e que em nada resulta na redução da violência. É só mais uma cortina de fumaça”, diz o texto.
O ônibus do Fortaleza foi atingido por pedras e uma bomba caseira na noite do dia 21 de fevereiro. O elenco tinha acabado de empatar com o Sport na Arena de Pernambuco, em jogo válido pela Copa do Nordeste. Seis jogadores ficaram feridos.O ônibus do Fortaleza foi atingido por pedras e uma bomba caseira na noite do dia 21 de fevereiro. O elenco tinha acabado de empatar com o Sport na Arena de Pernambuco, em jogo válido pela Copa do Nordeste. Seis jogadores ficaram feridos.
“Não punir esses indivíduos, e sim os clubes, é um caminho desleixado para um problema tão sério. Estamos vivendo um problema social e não desportivo. Uma crise de segurança pública, de norte a sul, rodada após rodada. É preciso entender e levar a sério a complexidade do tema. Cobrar atitude dos órgãos responsáveis. Afinal, nenhum clube do Brasil vai resolver esse grave problema sozinho”, diz o Sport.
“Não é possível que, após 20 dias do ocorrido, ainda não temos ninguém punido. Os verdadeiros criminosos continuam soltos e, neste momento, rindo. Rindo do STJD, rindo desta direção”, completou.
A Polícia Civil informou, nesta segunda-feira (11), que o caso continua sob investigação na Delegacia de Polícia de Repressão à Intolerância Esportiva. Segundo comunicado enviado pela corporação, todas as medidas necessárias para esclarecer o ocorrido estão sendo tomadas, incluindo coleta de depoimentos e análises técnicas. As investigações continuarão até que todos os detalhes sejam esclarecidos.
Os membros do STJD concluíram que o clube não garantiu a segurança adequada para a realização do jogo e não identificou nem puniu adequadamente os responsáveis, havendo relatos de mais de 80 envolvidos. Também foi observado que o Sport tem histórico de ocorrências envolvendo violência por parte de seus torcedores, sem adotar medidas eficazes para evitar tais situações.
Desde 23 de fevereiro, por determinação provisória do presidente do tribunal, José Perdiz, o Sport está proibido de permitir a presença de torcedores em seus jogos nacionais, seja como mandante ou visitante. O clube já atuou sem torcida em partidas no Amapá, contra o Trem, pela Copa do Brasil, e no Piauí, diante do Altos, pela Nordestão.
A acusação do Ministério Público foi embasada no artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD):
Deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir:
- I – desordens em sua praça de desporto;
- § 1º Quando a desordem, invasão ou lançamento de objeto for de elevada gravidade ou causar prejuízo ao andamento do evento desportivo, a entidade de prática poderá ser punida com a perda do mando de campo de uma a dez partidas, provas ou equivalentes, quando participante da competição oficial.
Veja a nota completa:
“O Sport Club do Recife se posiciona contrário a punição imposta pela Segunda Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), na manhã desta terça-feira (12). A vice-presidência jurídica do Rubro-negro vai recorrer dessa decisão descabida e injusta.
Não se pode novamente tratar de um tema tão complexo, que hoje é uma chaga nacional, de maneira tão rasa. Não é possível ir pelo caminho de decisões comprovadamente ineficazes só para criar uma falsa sensação de justiça que nada reflete na realidade e que em nada resulta na redução da violência. É só mais uma cortina de fumaça.
Pelo contrário. Esse tipo de punição coletiva, na verdade, atinge milhões de torcedores inocentes e instituições com centenas de trabalhadores, profissionais e prestadores de serviço, deixando justamente o caminho livre para os verdadeiros criminosos cometerem atos de covardia e violência, como aconteceu no dia 22 de fevereiro. Criminosos que continuam soltos por aí, sem nenhuma responsabilidade dos atos e que seguem aterrorizando a todos que vivem o futebol brasileiro, independente de time, cidade ou Estado. O Sport não pode ser responsabilizado por isso!
Punir uma instituição que não tem nenhuma relação com a torcida organizada, que cumpriu com todas as orientações de segurança e que não tem nenhum poder de Estado para coibir bandidos pela cidade não é fazer justiça. É querer mostrar serviço sem atentar para o verdadeiro problema. A punição, além de não resolver, acoberta e tira o foco e a pressão de se investigar os culpados e as organizações criminosas por trás dos atos.
Não punir esses indivíduos, e sim os clubes, é um caminho desleixado para um problema tão sério. Estamos vivendo um problema social e não desportivo. Uma crise de segurança pública, de norte a sul, rodada após rodada. É preciso entender e levar a sério a complexidade do tema. Cobrar atitude dos órgãos responsáveis. Afinal, nenhum clube do Brasil vai resolver esse grave problema sozinho.
Só com comprometimento total do poder público, responsabilidade, rigidez e cooperação dos serviços de inteligência é que vamos avançar”
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