Thiago Silva é um exemplo em vários aspectos no cenário do futebol mundial, principalmente no que diz respeito à sua longevidade. A poucos meses de completar 40 anos, o zagueiro estava recentemente atuando na Premier League, considerada o campeonato mais competitivo do mundo, e decidiu retornar ao Fluminense, clube onde iniciou sua carreira e se destacou para se tornar um dos melhores jogadores em sua posição em todo o mundo.
Este retorno ao Brasil marca uma nova fase para o defensor, que há uma década experimentou aquilo que imaginava ser o ápice da carreira de um atleta, mas que acabou se transformando num verdadeiro tormento em sua trajetória profissional.
Na Copa do Mundo de 2014, Thiago Silva assumiu a braçadeira de capitão e era um dos principais nomes da seleção brasileira. No entanto, saiu do torneio marcado por uma eliminação devastadora, sofrendo uma derrota por 7 a 1 para a Alemanha – momento em que ele sequer estava em campo, pois estava suspenso. O rótulo de “chorão” ficou associado a ele por não conseguir conter as lágrimas após a disputa de pênaltis contra o Chile nas oitavas de final, algo que ainda hoje lhe causa incômodo.
“Me incomodou ser taxado assim: ‘Ah, chorou, é fraco, não tem psicológico para jogar’. Para quem venceu a tuberculose, se eu fosse fraco mentalmente, não teria voltado e atingido o nível que atingi na minha carreira”, falou o defensor.
“Muitas vezes, a lágrima é você ter coragem de colocar para fora. Nem todo mundo tem coragem de colocar. Muita gente esconde isso e eu nunca fui assim, sempre fui muito verdadeiro com os meus sentimentos. A situação que causou isso tudo foi o pênalti contra o Chile, que nós ganhamos. Imagine se tivesse perdido? Então, se tivesse vencido a Copa do Mundo, o choro era de compromisso. Então vai de acordo com o que a pessoa quer passar de informação, sabe? Por isso que eu não aceito. Por parte do torcedor faz parte, a gente aceita. Mas quando é uma pessoa que trabalha na televisão, que você forma opinião, é constrangedor”, criticou Thiago, para depois dividir como superou a situação.
“Tempo me ensinou a ser forte. Porque no início, apesar de ser capitão da seleção no Mundial de 2014, eu era jovem e de repente não tinha aprendido tanto. Talvez eu tenha criado uma expectativa que tudo ia ser flores. A gente sabe que no futebol não é. Não adianta eu falar para o menino aqui que que vai acontecer isso, que ele precisa ser forte. Eu posso preparar ele de alguma forma, mas quando acontece, só ele pode dar a resposta”.
Passaram-se dez anos desde aquele incidente. Thiago Silva, que já era reconhecido como um dos principais defensores do mundo, manteve sua posição e se destacou jogando pelo PSG e Chelsea, onde conquistou a tão almejada Champions League em 2021.
Muitos duvidavam que o brasileiro poderia ter sucesso na Inglaterra, por chegar à liga em idade avançada e altamente competitiva. No entanto, para Thiago Silva não há segredos, apenas uma rotina: manter o corpo cuidado o tempo todo, não somente durante os treinos.
O zagueiro tem uma série de equipamentos em casa para auxiliá-lo na recuperação da melhor forma possível. Se pudesse dar um conselho às próximas gerações, certamente Thiago Silva sugeria trocar gastos supérfluos por investimentos desse tipo.
“Eu tenho praticamente uma fisioterapia em casa completa. Muitas vezes, os jovens acham que você está jogando dinheiro no lixo, tendo em casa alguma coisa de recuperação que você tem que comprar. E não, é o contrário. É investimento para tua carreira. Os jovens gastam dinheiro com outras coisas inúteis. E quando é para você, para o teu corpo, para a tua profissão, você acha que está jogando dinheiro fora? Não, é o contrário. Então, se eu posso passar alguma coisa, se as pessoas querem pegar alguma coisa, que pegue essa situação, porque é importante para a carreira”.
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