Três torcedores do Valencia foram sentenciados a oito meses de prisão por insultos racistas dirigidos a Vinicius Jr. durante um jogo da LALIGA contra o Real Madrid no Mestalla, conforme decisão do tribunal espanhol anunciada nesta segunda-feira (10). Além da pena de prisão, o trio está proibido de frequentar estádios de futebol na Espanha pelos próximos dois anos.
Os torcedores foram considerados culpados com base em um artigo do Código Penal que aborda “crime contra a integridade moral”, com agravante de “discriminação por motivos racistas”. O incidente ocorreu em 21 de maio de 2023, quando Vinicius Jr. foi alvo de insultos raciais, incluindo gritos de “mono” (macaco em espanhol) vindos da torcida local.
“Vale lembrar que o clube local, o Valencia FC, colaborou desde o primeiro momento na identificação dos acusados e procedeu imediatamente à sua expulsão como sócios do clube”, publicou LALIGA, relatando ainda que, antes da condenação, os torcedores leram uma carta com pedidos de desculpas a Vinicius Jr., ao Rel Madrid e à liga.
Revoltado, o jogador brasileiro apontou alguns agressores enquanto a partida era temporariamente interrompida. O jogo foi retomado após cinco minutos e culminou na derrota do Real Madrid, além da expulsão de Vinicius – claramente impactado pelo ambiente hostil.
Veja o comunicado emitido por LALIGA sobre as condenações:
“Hoje foi proferida a primeira condenação por insultos racistas em um estádio de futebol na Espanha, na sequência de uma denúncia apresentada por LALIGA perante os tribunais.
A sentença, que julgou cantos racistas proferidos contra Vinicius Jr em 21 de maio de 2023, no Mestalla, por três indivíduos, considerou os réus culpados de crime contra a integridade moral de acordo com o artigo 173.1 do Código Penal, com circunstâncias agravantes de discriminação por motivos racistas (art. 22.4 C.P.).
A pena ascendeu a 12 meses de prisão, que foi reduzida em um terço devido ao cumprimento na fase de instrução, ficando a pena efetiva para os três arguidos em oito meses de prisão e as custas do processo. Além disso, os culpados serão proibidos de entrar nos estádios de futebol onde se realizam jogos da LALIGA e/ou RFEF por um período inicial de três anos e reduzido para dois anos pelo mesmo motivo processual.
Vale lembrar que o clube local, o Valencia CF, colaborou desde o primeiro momento na identificação dos acusados e procedeu imediatamente à sua expulsão como sócios do clube.
Esta é a primeira condenação deste tipo proferida na Espanha, na sequência da denúncia da LALIGA perante os Tribunais de Justiça, e à qual se juntaram eventualmente a RFEF, o Real Madrid e, nas últimas semanas, a própria vítima, a jogador Vinícius Jr.
Durante a audiência, o arguido leu uma carta a pedir desculpa a Vinicius Jr, à LALIGA e ao Real Madrid, reconhecendo no caso da LALIGA a sua luta contra o racismo e a sua atuação decisiva a nível jurídico e institucional desde o primeiro momento, tanto neste caso como nos outros.
“Esta sentença é uma ótima notícia para a luta contra o racismo na Espanha, pois repara os danos sofridos por Vinicius Jr. e envia uma mensagem clara para aquelas pessoas que vão a um estádio de futebol para insultar que a LALIGA irá detectá-los, denunciá-los e lá terão consequências criminais para eles”, afirmou o presidente da LALIGA, Javier Tebas.
“Entendo que possa haver alguma frustração pelo tempo que estas sentenças levam a ser proferidas, mas isso mostra que Espanha é um país garantidor a nível judicial. Neste sentido, da LALIGA só podemos respeitar os tempos de justiça e exigir mais uma vez que a legislação espanhola evolua para que a LALIGA tenha poderes sancionatórios que possam acelerar os tempos de luta contra o racismo”, acrescentou o presidente”.
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