Apesar de ter sido campeão brasileiro em 2013, o Cruzeiro viveu episódios complicados e acalorados nos bastidores do clube naquele ano. Os dirigentes tiveram que interromper até mesmo uma briga em uma reunião de atletas proeminentes. Como lembra o ex-diretor de comunicação Valdir Barbosa.
“Estávamos em reunião, Marcelo Oliveira (técnico) na ponta, Fábio, Borges, no Ceará. Aí, quando começa a reunião, Borges diz que o capitão (Fábio) nos decepcionou. Fábio levantou-se, Borges levantou-se. Eles até se abraçaram, seguido de um aperto. O grupo se separou e então iniciamos a reunião e todos lavaram a roupa suja. Cada um deles falou com respeito”, lembrou Barbosa em entrevista ao podcast mineiro “Bora pra Resenha”.
A briga citada por Valdir Barbosa ocorreu, segundo o próprio ex-diretor, por divergência logística entre a diretoria e os atletas. Tudo isso por conta do retorno da delegação da partida em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
“Tinha um voo em Porto Alegre que saía à noite, às 21h. Mas naquele dia o time jogou às 18h e não deu tempo de voar. Às 6h30 houve um vôo, foi decidido (embarcar) não voar. Os jogadores estão desesperados para voar pela manhã. Saímos de Porto Alegre por volta das 10h, desembarcamos em Guarulhos, almoçamos em Guarulhos, pegamos nosso voo e chegamos em Belo Horizonte às 16h. Domingo no avião e no restaurante do aeroporto”, lembrou.
“A galera ficou muito chateada, seis ou sete compraram ingressos e resolveram voltar por conta própria. De manhã, quando acordamos, não havia ninguém lá. Ligaram para Benecy (Queiroz, ex-supervisor de futebol) e avisaram que os meninos haviam comprado passagem de saída. Tivemos que resolver isso em Belo Horizonte. Marcamos uma reunião para distribuir a punição. Alexandre Mattos (então diretor de futebol) queria ficar com 40% (da multa). Dedé ganha R$ 500 (mil), se você receber 40% disso são R$ 200 (mil). Se você tirar o Imposto de Renda, o INSS, as obrigações sociais que ele paga, um cara com R$ 500 vai cair para R$ 150 (mil), R$ 120 (mil), você vai desmontar ele”, disse, citando que no No final, a multa acabou com o pagamento de cestas básicas.
Viagens problemáticas
O ex-diretor lembrou como era a logística de viagens no Cruzeiro. A metodologia adotada na época deixou os jogadores insatisfeitos.
“Aconteceu que teve uma vez no Cruzeiro que você jogou em Curitiba, o cara teve que voltar para Belo Horizonte e estava de folga no aeroporto. Aí ele pegou outro vôo para voltar para São Paulo. , ele depois do jogo, no jantar, deixa o cara voar, ele sai amanhã.” A gente resolveu todas as arestas com o Marcelo, o Alexander Mattos”, comentou.
Valdir Barbosa não revelou os nomes de todos os jogadores que deixaram o acampamento sem autorização, nem em que rodada do Brasileirão ocorreu o incidente. Ele, porém, mencionou os nomes de alguns dos atletas envolvidos no episódio.
“Nós concordamos e fomos para a reunião. Alexandre Mattos não ligou apenas para refugiados, mas para muitos deles. Tinga, o cearense, Dagoberto, que não estava no (grupo) fugitivo, foram chamados. Ele ligou muito. O Fábio também estava lá, era para ele estar foragido. Mas Fábio achou na hora certa que por ser capitão do time poderia sair. Com isso, ele criou um sentimento ruim com Borges”, disse, mostrando o motivo do conflito entre o goleiro e o atacante na época.
Apesar de falar sobre a briga, Valdir Barbosa disse que o episódio foi o gatilho para uma mudança de comportamento no clube. No meio da reunião, após todas as medidas para melhorar a logística do jogo, Dedé “pediu para falar”.
“Dedé se levanta e diz ‘espere’. Eu quero conversar. Ceará, quem é melhor zagueiro que você? Fábio, existe goleiro melhor no Brasil que você? Dagoberto, Tingo, quem é melhor que você A partir de hoje seremos campeões brasileiros. Vencemos todo mundo, estamos bem, somos caras e caras, caras, caras. Dedé limpou, ficou ótimo mesmo. Acho que o Dedé também estava foragido. Houve um engano, não era 8 de janeiro. Foi um erro que deu certo”, disse Valdir Barbosa.